Fundo Cambial: amigo ou inimigo das viagens?


Fui atrás desse tal Fundo Cambial pra saber se ele é tudo isso o que todos falam!


O Brasil vive, atualmente, momentos de turbulência política, que afeta o cenário econômico e, consequentemente, nossas finanças pessoais. Desemprego, dívidas... onde ficam nossas viagens no meio disso tudo?

Toda crise é acompanhada de momentos de reflexão, principalmente em nossos gastos: é hora de reorganizar nossas contas, achar alternativas mais baratas de consumo de produtos e serviços, e até mesmo fazer uma limpeza nas finanças e parar de pagar aquilo que "um dia não fez diferença", como a anuidade dos cartões de crédito, taxas administrativas de contas correntes e demais dívidas não perceptíveis à curto prazo.
Mesmo diante de tanta baderna com nossas contas, não devemos deixar de lado nossos momentos de prazer, afinal, não somos feitos apenas de sofrimento: merecemos fazer aquilo que nos faz feliz

Para aqueles que estão planejando uma viagem internacional, vim falar um pouco sobre o Fundo Cambial

Que raios é o Fundo Cambial? 


O Fundo Cambial são investimentos que acompanham a moeda estrangeira – geralmente em dólares ou euros. 

Existe muita polêmica para cima do Fundo Cambial: muitos dizem que é super vantajoso por "travar" o valor do dólar, então ninguém é pego de surpresa na hora de fazer o câmbio, outros dizem que não existe vantagem alguma por não ser um investimento que retorna em moeda estrangeira, mas sim em reais. 

Afinal de contas, é bom ou ruim? 


Depende! Depende do propósito, depende do momento. Como todo investimento, o Fundo Cambial também está sujeito a riscos, e que podem ser calculados, mas não precisamente, pois o mercado de câmbio é totalmente sensível e volátil às tendências de decisões e acontecimentos políticos. Mais abaixo, irei apontar os benefícios e riscos, e a decisão fica por conta de cada um. 

Para quem o Fundo Cambial é útil? 


Pessoas que têm viagens marcadas ao exterior e que estão no meio de uma turbulência política-econômica, e também empresas que buscam se proteger da alta da moeda estrangeira por importarem insumos e matéria-prima para a sua produção. 

Como o Fundo Cambial funciona? 


Os Fundos Cambiais não são operados pelas bolsas de valores, portanto não se tratam de compra e venda de ações. A comercialização dos Fundos Cambiais são realizados através de instituições financeiras, como bancos de varejo (Banco do Brasil, Santander, Itaú, Caixa Econômica, etc), e por corretoras, também.

Os investidores fazem aplicações em títulos de dívidas públicas federais indexados à taxa Selic (LFT) ou prefixados (LTN ou NTN-F), ou em títulos privados, como CDBs indexados ao CDI. Os indexadores são substituídos pelos dólares acrescido de alguns juros, portanto a remuneração do investimento se dá pela variação cambial + os juros. 

No final do investimento, a remuneração não é recebida na moeda estrangeira.

A remuneração é feita em reais, e a quantidade é calculada com base na cotação da moeda estrangeira, sendo bom para o investidor quando a moeda nacional desvaloriza e a moeda estrangeira valoriza. 

Quais as taxas que pagamos ao investir no Fundo Cambial? 


Existem as Taxas Administrativas que variam conforme a instituição financeira em que o investidor realizar as operações. Elas variam entre 1,0% a.a. à 4% a.a., para mais. 

Além disso, há também a incidência do Imposto de Renda, que é regressivo, ou seja, quanto mais tarde for o resgate do investimento, menos imposto será descontado do rendimento. Após 2 anos, a incidência é de 15%. 

E os benefícios e riscos do Fundo Cambial? 


Um dos benefícios é se proteger da variação cambial, então o Fundo Cambial é uma excelente ferramenta em momentos de cenários políticos-econômicos incertos. Essa "certeza" ajuda a se programar melhor para viagens internacionais, pois o orçamento fica mais próximo do fixo do que do variável. Ainda há a possibilidade de lucrar com a operação, caso a moeda estrangeira se valorize neste período. 

Se o investimento em Fundo Cambial for para resgatar depois de 30 dias, não há a cobrança de IOF. 

Quando fazemos câmbio de moedas para se obter dinheiro em espécie, há a incidência de 1,1% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), e 6,38% de IOF quando é realizado compras internacionais com o cartão de crédito, ou para utilizar o cartão de crédito internacional pré-pago. Fora que o cartão de crédito, além de cobrar um IOF alto, ainda fica sujeito à flutuação do dólar no dia do fechamento da fatura. 

Lembrando que, se a viagem internacional for antes de 30 dias, não vale à pena realizar o investimento em Fundo Cambial. 

Os riscos estão por conta da variação cambial, que pode tanto auxiliar na lucratividade quanto dar prejuízo, caso a moeda estrangeira desvalorize. À prazos longos demais (superiores a 3 anos, por exemplo) não é interessante recorrer ao Fundo Cambial, pois muita coisa pode acontecer: ações econômicas ou políticas, eleições, etc. Neste caso, é mais interessante acompanhar o mercado cambial, e trocar dinheiro aos poucos para manter a média do estoque de dinheiro estrangeiro mais baixa diante às variações.

E, no final das contas: vale à pena ou não? 


Repito minha resposta: Depende! 

Se você já for um investidor em títulos públicos, como Tesouro Direto Selic + juros, ou CDBs atrelados ao CDI, com mediação de corretoras que não cobram taxas administrativas (como a Easynvest, ou XP investimentos), é mais vantajoso resgatar aos poucos, acompanhando o mercado e pagando IOF sobre cada operação realizada. 

Se não for um investidor, mas que planeja uma viagem para daqui 2 anos, por exemplo, é interessante por manter o dinheiro investido em Fundos Cambiais por manter o valor do seu dinheiro em reais sempre colado com a oscilação do dólar. Mais uma vez, dependendo muito de como está o mercado, o cenário, etc. 

Como todo investimento, é necessário que sejam levadas em consideração diversas opiniões, estudos, cálculos, objetivos e ferramentas disponíveis. 

É interessante ter conhecimento sobre mais um meio de "proteger" o seu dinheiro dessas oscilações, e ajudar a planejar uma viagem de forma mais assertiva, mas não como único meio de se realizar um câmbio de moedas.

Um bom investidor nunca coloca todos os ovos em uma só cesta.

O intuito deste post, foi de reunir algumas explicações sobre o Fundo Cambial, que é tão comentado por quem tem interesse em viajar ao exterior, mas que fica desanimado com a subida do dólar. Espero que seja um pouco esclarecedor para aqueles que nunca leram sobre o Fundo Cambial, e ajude na tomada de decisões! 




Tecnologia do Blogger.